Calor extremo impacta produção de leite: Estratégias genéticas para resistência ao calor
O aumento das temperaturas tem se mostrado um desafio crescente para a produção leiteira, resultando em perdas significativas para os produtores. Uma pesquisa recente, conduzida pelo Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), visa desenvolver estratégias genéticas para tornar os bovinos mais resistentes ao calor, visando mitigar os efeitos negativos nas produções.
Desafios da Tolerância ao Calor
De acordo com Flávio Roberto de França Junior, líder de conteúdo da Datagro Grãos, o aumento nas ondas de calor tem impactado severamente a produção de leite no Brasil. Em regiões como o Centro-Sul, onde a produção é mais concentrada, as altas temperaturas têm sido particularmente prejudiciais.
A pesquisa do PMGG focou no Índice de Temperatura e Umidade (ITU) como uma métrica-chave para avaliar a tolerância ao calor dos bovinos. Essa métrica combina temperatura e umidade relativa do ar, fornecendo insights valiosos sobre o estresse térmico enfrentado pelos animais.
Resultados da Pesquisa
Os resultados revelaram que o aumento das temperaturas tem levado a uma redução significativa na produção de leite, problemas reprodutivos e até mesmo mortalidade em algumas circunstâncias. Estima-se que o país perca anualmente cerca de 30% da produção de leite devido às altas temperaturas, tornando a cadeia produtiva vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas.
Segundo Marcos Vinícius G. B. Silva, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, a solução para essa questão reside no desenvolvimento de rebanhos mais resistentes ao estresse térmico. O programa de melhoramento genético do Girolando tem buscado oferecer isso através de avaliações genéticas e genômicas no teste de progênie da raça.
Seleção Genômica para Resistência ao Calor
A pesquisa analisou os valores genômicos dos touros da raça Girolando em relação ao ITU, classificando os animais com base em sua tolerância ao calor. Os touros foram divididos em categorias, desde aqueles cujas filhas reduzem a produção de leite em ambientes mais quentes e úmidos até os que mantêm produções estáveis, independentemente das condições ambientais.
Essa classificação servirá como uma ferramenta essencial na seleção dos animais, permitindo que os criadores direcionem os acasalamentos para obter uma progênie mais resistente ao estresse térmico. Com o tempo, espera-se que essa abordagem ajude a reduzir as perdas produtivas associadas aos fatores climáticos.
Perspectivas Futuras
O PMGG está constantemente aprimorando suas metodologias de seleção genômica, expandindo suas áreas de pesquisa para incluir características adicionais, como resistência a ectoparasitas. A inclusão dessas características nos sumários genéticos dos touros oferecerá aos criadores uma gama mais ampla de informações para melhorar suas práticas de reprodução e seleção.
Conclusão
À medida que o setor agropecuário enfrenta desafios cada vez maiores devido às mudanças climáticas, iniciativas como o PMGG desempenham um papel crucial na busca por soluções sustentáveis. A seleção genômica oferece uma abordagem inovadora para aumentar a resistência dos animais ao estresse térmico, garantindo uma produção de leite mais estável e resiliente às condições climáticas adversas.