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Introdução

O mercado financeiro brasileiro iniciou a semana com fortes oscilações motivadas por fatores internacionais e internos que vêm dominando o radar dos investidores.

Nesta segunda-feira (16), o dólar comercial encerrou o pregão com uma queda expressiva de 1,03%, sendo cotado a R$ 5,4855, o menor valor registrado desde outubro de 2024. 📉

Enquanto isso, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, avançou 1,49%, fechando aos 139.256 pontos, refletindo uma recuperação impulsionada por expectativas em torno da política monetária e pela estabilização do cenário geopolítico no Oriente Médio.

A queda do dólar foi influenciada por uma combinação de elementos: o agravamento do conflito entre Israel e Irã, a aproximação da “Superquarta”, quando os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos anunciam suas decisões sobre taxas de juros, além da nova proposta de tributação do governo federal, que visa substituir o aumento do IOF.

Números do Mercado

Antes de aprofundar os fatores que vêm influenciando os mercados, veja o desempenho acumulado da moeda norte-americana e do Ibovespa:

Market Performance Overview
📊 Asset Week Month Year
Dólar -1,03% -4,07% -11,23%
 Ibovespa +1,49% +1,63% +15,78%

A valorização do índice e a queda do dólar indicam uma mudança temporária no comportamento dos investidores, que têm optado por posições mais arrojadas diante das incertezas internacionais e das expectativas com as decisões de política monetária.

Tensão no Oriente Médio Abala Mercados Globais

O conflito entre Israel e Irã completou quatro dias nesta segunda-feira (16), com centenas de mortos registrados em ambos os lados.

O ataque surpresa realizado por Israel na sexta-feira (13) foi batizado de “Operação Leão Ascendente” e teve como alvo a cúpula militar iraniana, além de instalações nucleares sensíveis. Em resposta, o Irã disparou mísseis contra áreas civis e infraestruturas energéticas em território israelense.

Esse aumento na escalada do conflito reacendeu temores em torno da estabilidade no Oriente Médio.

O maior receio dos investidores internacionais está relacionado à possibilidade de que os ataques atinjam o Estreito de Ormuz, responsável pelo escoamento de cerca de 20% do petróleo mundial.

Embora o Irã tenha assegurado que suas instalações permanecem intactas até o momento, a incerteza permanece elevada.

Como consequência, os preços do petróleo chegaram a subir mais de 14% no acumulado da semana anterior, embora tenham encerrado o pregão desta segunda em leve retração.

Em momentos como esse, ativos considerados seguros, como o ouro e o dólar, costumam ser os mais procurados.

No entanto, após o impacto inicial da tensão militar, parte dos investidores realizou lucros e passou a reequilibrar carteiras, optando por ativos de maior risco e voltando a alocar capital na bolsa de valores.

Superquarta: O Que Esperar das Decisões de Juros

A chamada “Superquarta” — marcada para o dia 18 de junho — promete ser um divisor de águas para o mercado.

Isso porque tanto o Banco Central do Brasil quanto o Federal Reserve (banco central dos EUA) anunciarão suas decisões sobre as taxas básicas de juros em seus respectivos países.

🇧🇷 Brasil: Selic Deve Ser Mantida, Mas Há Divergência

Segundo levantamento do Banco Central realizado com mais de 130 instituições financeiras, a expectativa majoritária aponta para a manutenção da taxa Selic em 14,75% ao ano.

Este percentual é o maior em quase duas décadas no país. Contudo, parte do mercado ainda projeta a possibilidade de um aumento para 15%, dependendo da leitura do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre os riscos inflacionários.

De acordo com analistas do Itaú, “o ciclo de aperto monetário deverá ser encerrado nesta reunião, com um comunicado indicando estabilidade prolongada da Selic, a menos que surjam novos choques externos”.

O impacto dos juros elevados na economia é direto: o crédito torna-se mais caro, reduzindo o consumo das famílias e dos investimentos empresariais.

Com a queda da demanda, a inflação tende a recuar. Esse é o principal objetivo perseguido pelo Banco Central no atual cenário. 📉

Estados Unidos: Estabilidade Com Previsão de Cortes Futuramente

Nos Estados Unidos, a expectativa é de manutenção da taxa na faixa entre 4,25% e 4,50%. No entanto, analistas já projetam dois cortes até o final de 2025, com o primeiro movimento possivelmente acontecendo em setembro.

Ben Laidler, estrategista-chefe do Bradesco BBI, afirmou à Reuters: “Temos observado com surpresa positiva a ausência de repasses inflacionários significativos oriundos das tarifas comerciais com a China.”

O novo pacote tarifário firmado recentemente entre Washington e Pequim também entra na equação.

O temor de uma nova guerra comercial continua a assombrar os investidores, que avaliam como isso pode afetar a inflação global, o custo dos insumos e os lucros das empresas listadas na bolsa americana. 📊

Reforma Tributária e Impactos no Mercado

Outro fator de peso nas movimentações do mercado é o novo pacote tributário anunciado pelo governo federal na última semana.

A proposta surge como uma alternativa à elevação do IOF, decretada em maio, que enfrentou forte resistência política.

Entre as principais mudanças, destacam-se:

  • Redução de impostos sobre empresas e seguros VGBL;

  • Tributação ampliada para apostas esportivas;

  • Inclusão de criptoativos e rendimentos isentos (como LCI e LCA) na base de arrecadação.

Apesar do objetivo de ampliar a receita pública e buscar equilíbrio fiscal, a proposta enfrenta críticas.

Parlamentares argumentam que o foco deveria estar na revisão da qualidade do gasto público, além de medidas estruturais para contenção de despesas.

O mercado acompanha com atenção a votação de um pedido de urgência para análise da proposta na Câmara dos Deputados, prevista também para esta semana.

Uma eventual derrubada do decreto pode trazer impactos negativos na percepção de responsabilidade fiscal do governo. 💰

IBC-Br e Boletim Focus Surpreendem Positivamente

Enquanto os olhares estão voltados para o cenário externo e as decisões fiscais, dados internos trouxeram alívio para o mercado.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), registrou alta de 0,2% em abril — superando as expectativas dos analistas.

Além disso, o boletim Focus divulgado nesta segunda apontou uma redução na projeção de inflação para 2025, que caiu de 5,44% para 5,25%.

Estes dados reforçam a percepção de que a economia brasileira, embora pressionada por juros elevados, tem conseguido manter alguma resiliência. 📈

Conclusão: Um Cenário Volátil, Mas Com Sinais de Estabilização

A combinação de eventos geopolíticos, decisões monetárias cruciais e mudanças fiscais têm gerado um ambiente desafiador para os investidores brasileiros e internacionais.

Mesmo assim, o dólar em queda e a bolsa em alta indicam que, ao menos por ora, o mercado tem encontrado espaço para otimismo cauteloso.

📌 A semana promete ser decisiva. A “Superquarta” poderá reconfigurar expectativas para o segundo semestre, enquanto o desdobramento do conflito entre Israel e Irã continua sendo uma variável imprevisível.

Também será importante acompanhar a reação do Congresso ao novo pacote tributário do governo federal.

Em meio a tantas incertezas, a mensagem que permanece é clara: a volatilidade veio para ficar, e quem deseja navegar esse mar revolto precisará de estratégia, cautela e um olhar atento para os próximos sinais da economia.