Carregando...

🧾 Contexto Geral da Pesquisa de Avaliação do Governo

Em 12 de junho de 2025, uma nova rodada da pesquisa de opinião pública conduzida pelo instituto Ipsos-Ipec trouxe um retrato preocupante para o Palácio do Planalto.

O levantamento, realizado entre os dias 5 e 9 de junho em 132 municípios de todas as regiões do Brasil, ouviu presencialmente 2.000 pessoas com 16 anos ou mais.

Os resultados mostram um cenário de estagnação na imagem do governo Lula e revelam os desafios políticos e sociais enfrentados pela atual gestão.

Segundo os dados divulgados, 43% dos brasileiros classificam o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ruim ou péssimo, enquanto apenas 25% o avaliam como bom ou ótimo. Já 29% consideram a administração regular, e 2% não souberam ou preferiram não opinar.

A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, com 95% de nível de confiança.

Trata-se da segunda vez, durante o terceiro mandato de Lula, que a avaliação negativa supera a positiva, consolidando uma tendência de insatisfação crescente.

Esses números, ainda que estáveis em relação à pesquisa anterior de março de 2025, reforçam um padrão de rejeição que parece ter se cristalizado em determinados segmentos da sociedade brasileira.

📉 Avaliação Atual: Indicadores de Imagem do Governo

Os resultados da pesquisa Ipsos-Ipec revelam uma leve piora na avaliação popular do governo federal:

Avaliação do Governo
Avaliação Maio Março
Ruim ou péssimo 43% 41%
Regular 29% 30%
Bom ou ótimo 25% 27%
Não sabe / Não respondeu 2% 1%

 

Embora as variações se encontrem dentro da margem de erro, o contexto político mais amplo ajuda a explicar por que esses números chamam a atenção.

O governo parece ter atingido um “teto de insatisfação”, que não se reverte mesmo com avanços em áreas como geração de empregos, controle da inflação e programas sociais.

Os dados também sugerem que a imagem de Lula está sendo impactada por uma combinação de fatores, entre eles a alta polarização política, o desgaste natural de governos no poder e a percepção de lentidão na entrega de resultados efetivos.

Segmentos da População: Mapas de Apoio e Rejeição

Um dos aspectos mais relevantes da pesquisa está na segmentação por perfis sociais, econômicos, religiosos e regionais.

Essa análise revela onde o governo mantém força e onde encontra maior resistência.

✅ Grupos com Maior Aprovação:

  • Eleitores de Lula em 2022: 53%

  • Moradores do Nordeste: 38%

  • Pessoas com baixa escolaridade: 36%

  • Famílias com renda de até 1 salário mínimo: 33%

  • Católicos: 32%

O apoio se concentra em setores historicamente ligados ao lulismo e ao PT: os mais pobres, os menos escolarizados e os habitantes do Nordeste.

Essa base tem sido resiliente ao longo dos anos, impulsionada por programas como o Bolsa Família, o aumento real do salário mínimo e políticas públicas voltadas para a inclusão social e combate à fome.

 Grupos com Maior Rejeição:

  • Eleitores de Jair Bolsonaro em 2022: 75%

  • Famílias com renda mensal acima de 5 salários mínimos: 59%

  • Pessoas com ensino superior: 51%

  • Evangélicos: 50%

A rejeição do governo Lula é mais intensa entre os grupos de maior renda, maior escolaridade e os evangélicos, um público que tem se mostrado cada vez mais influente nas disputas políticas e eleitorais no Brasil.

O distanciamento entre o governo e esse segmento evidencia um desafio de reconexão que ainda não foi superado.

📋 Condução da Administração: Avaliação Direta de Lula

Além da avaliação do governo como instituição, a pesquisa perguntou diretamente sobre a atuação pessoal do presidente.

Os resultados apontam para uma alta taxa de desaprovação da forma como Lula governa:

  • Aprova: 39% (eram 40% em março)

  • Desaprova: 55% (mesmo índice de março)

  • Não sabe / Não respondeu: 6% (eram 4%)

O dado de desaprovação estável indica que a opinião pública já consolidou uma visão crítica sobre a gestão, mesmo com medidas recentes que visam ao estímulo econômico e ao fortalecimento da política social.

O crescimento da taxa de indecisos pode sinalizar confusão, desgaste ou até desinformação sobre os rumos da administração federal.

⚖️ Um Governo em Meio à Polarização

Desde as eleições de 2022, o Brasil segue imerso em um ambiente fortemente polarizado, que se reflete nas avaliações do governo.

Em muitas situações, a percepção da população sobre Lula e seu governo não está relacionada diretamente com os resultados concretos, mas sim com identidades ideológicas e afetivas formadas nos últimos anos.

Essa polarização estrutural dificulta a comunicação do governo com segmentos que não fazem parte de sua base.

A agenda pública é frequentemente interpretada por lentes partidárias e religiosas, o que acentua a divisão e reduz o espaço para consensos políticos mais amplos.

Comunicação e Percepção: Obstáculos à Popularidade

Outro fator importante é a estratégia de comunicação institucional.

Analistas políticos avaliam que o governo Lula tem enfrentado dificuldades em traduzir suas ações em percepções positivas junto à população.

Embora existam avanços concretos, como a retomada do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o novo Minha Casa Minha Vida e o crescimento da arrecadação, essas iniciativas não têm sido percebidas de forma proporcional.

O ambiente digital, especialmente as redes sociais, também se mostra hostil.

Grupos organizados de oposição continuam influentes na produção e circulação de conteúdos negativos sobre o governo, dificultando o alcance de mensagens oficiais.

Implicações Políticas e Eleitorais

A baixa popularidade do governo Lula pode ter desdobramentos práticos.

Um deles é o aumento da dificuldade de articulação política no Congresso Nacional.

Com índices de rejeição elevados, a base aliada tende a se desmobilizar, e os partidos do chamado “centrão” aumentam suas exigências para garantir apoio.

Além disso, o cenário eleitoral de 2026 já começa a ser delineado, e os números da pesquisa impactam diretamente o planejamento estratégico do PT e de aliados.

Se a imagem do governo não melhorar, haverá riscos reais de derrota em estados-chave, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde o lulismo tradicionalmente encontra maior resistência.

A perda de apoio entre os evangélicos também é motivo de alerta. Com presença significativa nas Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas, esse eleitorado será determinante nas eleições municipais de 2026 — uma prévia importante para a disputa presidencial.

📈 Caminhos para a Recuperação de Imagem

Diante dos desafios, o governo terá que adotar medidas urgentes para reverter a curva de desaprovação. Algumas possíveis estratégias incluem:

  1. Aproximar-se da classe média urbana, com políticas que impactem diretamente transporte, segurança pública, habitação e crédito.

  2. Dialogar com o segmento evangélico, respeitando suas pautas e promovendo interlocuções institucionais.

  3. Reforçar a comunicação direta, com campanhas mais simples, pedagógicas e humanizadas, mostrando o impacto das políticas públicas no cotidiano da população.

  4. Aumentar a eficiência administrativa, entregando obras, programas e serviços em ritmo acelerado, especialmente nos primeiros meses de 2026.

Conclusão: Um Governo em Busca de Reconexão

A pesquisa Ipsos-Ipec de junho de 2025 evidencia que o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva vive um momento de fragilidade política e percepção negativa consolidada em setores estratégicos da sociedade.

Embora mantenha apoio firme entre os mais pobres e no Nordeste, o governo encontra dificuldades para expandir sua base e reconquistar a confiança da classe média, dos evangélicos e dos mais escolarizados.

O cenário é desafiador, mas não irreversível.

A recuperação da imagem pública depende de um esforço coordenado entre comunicação, articulação política e resultados concretos.

Lula, um político historicamente hábil em construir pontes e redes de apoio, terá que lançar mão de toda sua experiência para atravessar essa fase e consolidar sua governabilidade.